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Chegar ao Lugar de Partida

  • Foto do escritor: Jornal O Cola
    Jornal O Cola
  • 22 de abr. de 2023
  • 2 min de leitura
Catarina Baptista
Editado por António Santos

Hoje troco-vos as voltas e começo pelo final, pode ser?


Podia começar pelo início, mas esse não difere muito do fim desta narrativa.


Sabem quando vão ver um filme e já sabem o que vai acontecer? Deixam de ver o filme apesar do spoiler ou não? Bom, mas esta história continua, não obstante a personagem principal ter sido “spoilada” há muito tempo atrás.


Aqui vai.


Trata-se de uma capitã de um barco. Navegava lentamente ao início, mas, dia após dia, o barco via-se cada vez mais sob mar bravo e a capitã ia, por isso, perdendo o controlo do leme. Logo ela, que sempre soube navegar em alto mar.


Contudo ela continuou. Porquê? - Perguntam vocês.


Ela vislumbrava terra no horizonte, esse destino que a esperava no fim do percurso. No entanto, esse destino não era a chegada dela. Era sim a sua partida.


Ela queria parar de navegar, não querendo chegar a essa terra de partida, mas o mar bravo levava o barco como se tivesse vontade própria.


Não sei se já perceberam o final desta história, mas a capitã, que pensava segurar firmemente o leme, havia chegado ao tal destino não desejado, embora já previsto.


O mapa, ela conhecia, e a cruz que marcava a terra já lá estava há tempo demais. Ainda assim, ela foi.


Navegando.

Navegando.

Navegando.


Num barco que capitaneava, sozinha.


Seria esse destino sombrio? Ou fora a solitude do caminho até ele que o entenebreceu?


Ela eventualmente chega lá. E dele partiu. Uma vez mais.

Mas não sozinha.

Partiu acompanhada: com ela mesma.


Bússola, ela não levava. A bússola indica o Norte. E ela não o queria alcançar, embora assim o tivesse.


Porquê? Porque chegou ela a esse cardeal embora não levasse a bússola?


Por vezes - pensou ela - o mar leva-nos por ondas maiores para percebermos que é depois delas que encontramos terra.


Essa bússola, no fim, não apontava na direção de um lugar - concluiu ela. Apontava para um horizonte.

Esse está sempre à vista, embora longe. Quanto mais se tentava aproximar dele, mais se inteirava de que não o conseguiria alcançar. Assim, chegada ao destino, ela partiu. (Afinal, acabei por começar pelo início.)


Ela partiu.

Nunca mais olhou para trás.

Mas a cruz marcada no mapa, essa permaneceu.



 
 
 

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