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Visões

  • Anónimo
  • 15 de jun. de 2024
  • 2 min de leitura

Eu lembro-me de tudo. Da primeira vez que te vi. Logo depois de nos apresentarmos um ao outro, eu tive a certeza de que eras tu. Eu já sabia, no fundo. No meu subconsciente, eu sabia que tu tinhas despertado alguma coisa dentro de mim. 


O teu sorriso, os teus olhos tão claros como a tua aura, a tua voz... suave e cautelosa, quase angelical. Tudo isto, essa tua energia que emanava, a serenidade que transmitias, quase algo celestial, tal como o teu nome, o nome de um anjo. 


E eu assim assumi... que tu eras um anjo. Quando sorrias para mim, quando olhavas para mim, os teus olhos pareciam brilhar e adorar-me com todo o afeto. Quando me abraçavas, os teus braços fortes envolvidos à minha volta, o teu cheiro tão agradável e reconfortante… Sempre que estávamos abraçados um ao outro, por mais que significasse apenas um gesto de amizade, eu nunca queria soltar-me dos teus braços. 


Tenho raras e preciosas recordações, como do dia em que me abraçaste e me levantaste do chão, quando conversámos por horas naquele jardim onde o rio à nossa frente era o espectador da nossa...amizade. 


Eu lembro-me de tudo. 


Lembro-me da última vez que te abracei, da última vez que sorri contigo, da última vez que falámos, da última vez que nos despedimos com aquele caloroso abraço e com o teu sorriso a iluminar o meu dia... 


Mas depois de tudo isso, tu desapareceste. 


O que foi tudo isto? O que foi este sentimento que eu julgava que estava escondido mas presente entre nós os dois? Este carinho que eu sentia que tu tinhas por mim? 


Apesar de eu não ter tido a coragem de confessá-lo, eu julgava que tu serias alguém que eu poderia amar, o anjo que Deus finalmente me havia mandado. Serias tu, assim acreditava. Serias tu o meu anjo protetor, o meu ideal, o meu amor. 


Então, foi tudo um delírio meu? Estes nossos momentos, estas memórias, que agora, olhando para trás, vejo que foram todos tão rápidos... foi tudo um vídeo? Depois de tudo, das voltas que ambas as nossas vidas deram, parece que nada aconteceu, parece que foi tudo apenas visões... 


Tal como Deus fez com Gedão: Tu apareceste, mostraste-me coisas bonitas, fizeste-me sentir confortável a teu lado, fizeste-me sentir desejada e especial, mostraste que poderias ser tu o certo para mim, mas, logo depois, desapareceste. Nunca mais vi o brilho dos teus olhos, nem ouvi a melodia da tua voz. 


Deixaste-me apenas com as minhas «visões», as memórias, a única coisa que tenho de nós. Os momentos que me deste, aqueles em que me fazias acreditar que sentias algo por mim. Como um ser celestial, tu partiste, para nunca mais voltar, e eu, sozinha fiquei com as minhas «visões».


Editado por Ricardo Cerdeira


 
 
 

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